Gente, desculpem-me o texto meio destemperado, mas na boa, o saco já encheu de posts e artigos das x dicas pra tudo que é coisa. Troque o final da frase por “startups”, “vendas”, “gestão eficaz de caixa”, “emagrecer”, “arrumar marido”, etc., e para todos você vai encontrar dezenas ou centenas de publicações na Internet. Bendito seja Stephen Covey que publicou “Os 7 hábitos”, mas até a capa desse livro está me dando nos nervos ultimamente. Mesmo assim, ainda tem várias empresas que se dizem inovadoras publicando esse tipo de lixo regularmente, que você lê e sai mais vazio do entrou no texto. Vamos desmascarar aqui o existe por trás disso, e deixar claro o papel de idiota que estamos fazendo ao clicar nessa porcaria.
O nome do jogo é “SEO e Inbound”. Para entender o que é isso, vamos voltar um pouco no tempo: alguém um certo dia chegou à conclusão que é muito mais fácil e barato atrair e conquistar um cliente no mundo virtual da Internet do que no mundo real da sola de sapato. Até aí, dependendo do negócio, estamos de acordo. Isso se tornou possível quando o Google se estabeleceu com o AdWords (sua primeira e principal fonte de receita até hoje), que consiste basicamente em atrelar anúncios a determinadas palavras buscadas na Internet pelos usuários.
Por exemplo, se você precisa de “Seguro de auto”, há uma boa chance de você pesquisar essa palavra - e quem vende seguros adoraria colocar um anúncio na sua frente bem nesse instante. Isso tornou o Google bilionário e funcionou muito bem por muito tempo, até que diversas empresas do ramo viram essa oportunidade e quiseram anunciar nessa mesma palavra. Qual anúncio exibir, Sr. Google? Simples, o de quem pagar mais.
Como consequência, o modelo inchou e quem quer anunciar no termo “Seguro de auto” nos USA tem que oferecer um pagamento de quase US$ 70 por click. É um leilão mesmo, e não acho que o Google esteja errado, afinal ele tem essa mídia fantástica na mão. Mas veja, são setenta dólares por um click – não quer dizer que o internauta vá no final comprar alguma coisa. Ou seja, anunciar na Internet acabou ficando tão caro quanto na TV – ou mais.
Então um americano chamado Brian Halligan (Hubspot), chegou a uma brilhante conclusão e criou uma empresa de sucesso ao redor dela: “não seria muito mais barato ser encontrado naturalmente do que pagar por anúncios ?” Sim é a resposta, porque o Google ainda mostra o resultado natural da sua busca (chamada de orgânica), apesar de colocar anúncios no topo, ao lado e em baixo do resultado que ele te entrega. E como aparecer na busca orgânica? Basta o conteúdo do seu site ter alta relevância.
Existem muitos livros sobre como ganhar relevância frente ao Google e isso se chama “SEO” (Search Engine Optimization), mas vamos ser simplistas aqui: o Google testa se as palavras contidas na pesquisa do usuário se relacionam às que existem no seu site, e se ele é frequentemente clicado e visitado. Iniciou-se a era do “Conteúdo é o Rei”.
Mas um bom conteúdo é bem difícil de ser produzido, pois exige a dedicação de um especialista da empresa por bastante tempo para fazer um texto de real importância para o seu público. Além disso, eu acredito que não existe texto legal sem a paixão do autor pelo que ele está escrevendo, e esse texto bacana atrai leitores que acabam de uma forma ou outra entrando em contato com o seu produto, e bingo! Esso se chama “Inbound”. Mas pesquisas mostram que a produção de conteúdo é o principal problema das empresas que apostam no Inbound Marketing.
Até que um safado (esse eu não sei quem é, pra sorte dele) descobriu que um título como “as 7 dicas para controlar fluxo de caixa” tem aproximadamente 4,5 vezes mais probabilidade de ser clicado do que “Entenda o fluxo de caixa e como mantê-lo sobre controle”. O primeiro parece ágil e objetivo, o segundo parece “chato e velho”.
Concordo que temos que fazer boas chamadas, mas produzir títulos apelativos acabou sendo a Meca das recentes “agências de conteúdo” – acredite, isso existe e se multiplica em quantidade, funcionando (na maioria dos casos) mais ou menos assim: ao invés da empresa dedicar o tempo de um jornalista ou especialista caro para criar um bom conteúdo, as agências criam títulos apelativos e pagam estagiários para buscar e misturar coisas já escritas, desde que contenham as palavras usadas na sua busca (lembra do SEO?). E adivinha qual o título apelativo que é a “assinatura” desses idiotas ? Acertou, são “as 7 dicas para qualquer merda”.
Depois é só dar um tapa aqui e outro ali nos textos furtados e salta um novo artigo inútil, feito da forma mais porca e barata possível para que o cliente da agência não precise pagar o anúncio caro e nem o preço de quem tem talento de verdade para produzir um bom conteúdo.
Mas tudo isso funciona sabe por que ? Porque você não tinha ideia de como essa salsicha é feita, mas a partir de agora vai reconhecer facilmente a armadilha do “artigo artificial feito pela agência de conteúdo sem conteúdo”, e talvez um dia se inicie a era do “Conteúdo de verdade é Rei”.
muito bom
Posted by: jose lauro magalhaes | 27/08/2015 at 16:20
adorei as dicas
Posted by: Lis viana | 30/09/2015 at 16:31
Muito bom o seu ponto de vista. acredito que teve um bom trabalho para descobrir a História do Google.
Posted by: Roberto da Dallas | 15/08/2017 at 23:20